sábado, 22 de dezembro de 2012

Mini-dicas curtinhas:

1) Se quiser que a sua escova dure mais...

Use um shampoo anti-caspas quando lavar o cabelo, antes de fazer a escova, mesmo que o seu cabelo não tenha caspa. 
Ele vai dar uma ressecada no couro cabeludo e a escova vai durar pelo menos um dia a mais.
Porém, atenção: se você faz escova TODOS OS DIAS e NÃO TEM CASPA, não use este tipo de shampoo mais do que uma vez na semana, pois o seu couro cabeludo pode ficar irritado. Esta dica é para situações emergenciais, tipo uma viagem onde você não deseja se preocupar com o cabelo a toda hora.

2) Na praia, com a pessoa sem noção que nunca leva o protetor solar...

(Dica politicamente "incorreta")
Não sei se é só comigo que acontece, por motivos óbvios, mas já repararam que tem sempre alguém no grupo da praia que não leva protetor solar? E o que essa pessoa faz em seguida? Pede o seu, lógico. E se besunta inteira com um produto que muitas vezes custa quase R$100,00. Eu uso um que custa R$149,00 e vem bem pouco. Esse protetor é tão caro, que o laboratório quando me visita, leva quatro tubinhos mínimos.
O que eu faço? Compro sempre o mais barato da farmácia e levo junto. Ou então pego amostras dos que eu não me dou bem de maneira nenhuma e levo.
Importante: leve sempre um baratinho com o mesmo FPS do seu francês, carésimo. Para evitar que a pessoa tenha a chance de querer o seu de qualquer maneira.
Um esquecimento eventual acontece com qualquer um, é humano. Ontem mesmo eu esqueci o do Gabriel e morri de vergonha. Depois de usar o protetor solar importado da outra criança a manhã inteira, deixei na portaria da pessoa um novinho do Gabriel. Pessoas educadas fazem assim. Mas tem gente que parece esquecer de propósito...Porque não é possível aquele ser humano não colocar NUNCA um protetor solar dentro da bolsa.


3) Para se distrair durante as férias...


Recomendo este livro!
Ele dá dicas ótimas para quem mora ou planeja visitar o Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que é engraçado e descreve o perfil da mulher carioca. É gostosinho mesmo de ler.

4) Na praia, o Gabriel sempre usa...


Produtos UV Line.
Ele não vai para o sol sem esse tipo de roupa. Nunca. Atualmente, estou com dificuldades de colocar o chapéu nele, que ele atira longe. Essas roupas protegem muito mesmo.
No Rio de Janeiro, ou eu compro esses produtos em congressos, ou na loja do Shopping Downtown. Podem ter certeza de que esse post não foi pago (aliás, NUNCA nenhum foi - até agora). A roupinha do Gabriel não foi nem mesmo um presente deles (que pena), aliás os produtos UV Line pecam pelo preço ser exageradamente salgados.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Arauto da felicidade


Oi, pessoal !
Fiquei com vontade de dividir com vocês uma coisa muito legal que aconteceu ontem. Apesar de ser um assunto "off topic", pois não trata de cirurgia plástica diretamente, foi uma experiência diferente que tive, e se depender de mim terei por muito anos mais.

Foi o seguinte. Sexta-feira, dia 14, fizemos a prova de seleção para a pós-graduação do serviço do prof. Ronaldo Pontes. Trinta e dois candidatos se inscreveram para concorrer a apenas três vagas. Lembro que há alguns anos atrás era eu que estava sentado lá fazendo prova.

O mais impressionante é que tem gente que está tentando pela terceira, quarta vez e não desiste. Estes são verdadeiros vencedores e temos que aprender muito com eles. Desde que era residente eu participo do processo seletivo, claro que agora com funções mais "importantes" como elaborar a prova e entrevistar os candidatos, quando da época da residência ficava distribuindo a prova e oferendo água a quem tem sede (rsrsrs).

Mas este ano uma nova incumbência caiu no meu colo, e acho que por pura coincidência, ou sei lá, era eu que estava alí na hora, e o prof. Ronaldo Pontes pediu que eu ligasse para os três candidatos aprovados e lhes desse a notícia. Ok, me passa aí o telefone dos meninos.

Vocês não tem idéia das reações que tive do outro lado da linha!!!!
O primeiro foi o Dr. Carlos, um jovem cirurgião de trauma de São Paulo. Quando eu muito formalmente me apresentei e dei a notícia, o menino começou a berrar, a me agradecer (ora, quem fez a prova foi ele), a dizer que era a melhor notícia do mundo e etc.

Achei que no próximo poderia ser menos formal, pois minha voz parecia denunciar o contrário. A próxima aprovada é uma menina do RJ, Dra. Juliana, que também é cirurgiã de trauma, formada no hospital da Posse (me perdoem os puritanos, mas é a sucursal do inferno), mas por ser uma menina, fui igualmente comedido. E novamente gritos, berros, "Eu CONSEGUI", e etc.

Caraca! Formalidade não tem nada a ver com essa função! Eu queria gritar com eles, comemorar junto! O próximo vai ser diferente.
Era o Dr.Sócrates (não é o jogador, até porque esse muito precocemente nos deixou), mas eu sempre tive uma certa admiração pelo Sócrates. É o segundo ano que ela tenta entrar no serviço, ano passado... bateu na trave.
E ele tem uma história muito bacana. Fez segundo grau técnico em mecânica de precisão (?????) e depois resolveu fazer medicina. Que guinada não é?
Pois com ele já fui logo gritando:
- Parabéns meu velho, você conseguiu! Bem vindo ao time!
E só ouvia choro do outro lado, claro que de alegria...

Acho que dar aula e participar da formação de novos cirurgiões plásticos nos dá ensinamentos que muitas vezes não estão nos livros técnicos. Participar diretamente desse turbilhão de emoções que eu mesmo há tão pouco tempo atrás vivenciei, nos renova e principalmente nos dá a real dimensão do quão difícil e concorrida é essa especialidade. Nos valoriza ainda mais.

Uma vez me disseram "tentar, não significa conseguir, mas todos os que conseguiram, um dia tentaram".

Portanto fica a lição:
NUNCA desistam dos seus sonhos.
E sejam bem vindos os novos residentes.

Um grande abraço
Luiz Felipe

sábado, 15 de dezembro de 2012

Passando a limpo... A Lipo!


Pessoal,
Este talvez seja o tema mais controverso em cirurgia plástica. Muito devido aos mais diversos tipos de máquinas que prometem resultados melhores, mais seguros, rápidos e indolores, mas... será que é isso mesmo?

A Lipoaspiração já nasceu com a comunidade científica torcendo-lhe o nariz, e foi na França, na década de 70, que o Prof.Yves Gerard Illouz desenvolveu a técnica e operou os primeiros pacientes.

A lipo foi apresentada aos brasileiros no XXVII Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica em 1980 em Fortaleza, e recebeu muitas críticas na época, sendo inclusive tachada de "prática criminosa".

Porém, os resultados eram notórios e a comunidade científica aos poucos foi aceitando mais a nova modalidade terapêutica, e em 1982, no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, o próprio Prof.Illouz operou uma paciente na frente de uma platéia atônita. 
Na época usava-se cânulas muito grossas, algo em torno de 5cm, hoje usamos de 3mm a 4mm, mas no resto a técnica não mudou muito.

Aí veio a mídia, os "cirurgiões artistas" querendo aparecer, a indústria (milionária) de máquinas hospitalares e começou uma verdadeira bagunça.

Bom, primeiro vou falar da técnica tradicional, preconizada por Illouz lá nos anos 80.
A cirurgia de lipoaspiração não é uma cirurgia para perda de peso, nunca foi. Ela corrige anomalias de contorno corporal conhecidas por "gordura localizada", ou seja ela é muito bem indicada para aquela pessoa que perdeu peso, não consegue perder mais, e ainda apresenta alguns depósitos de gordura.

Outro engano que as pessoas cometem é achar que a lipoaspiração trata flacidez. Se a/o paciente apresentar um grau de flacidez importante, a lipo não está indicada.
Na verdade, qualquer área do corpo que tenha gordura pode ser aspirada, já vi meu professor Dr.Ronaldo Pontes aspirar a nuca de um paciente! Mas ele pode...

A anestesia na lipoaspiração deve ser bem criteriosa. Se vamos aspirar várias áreas do corpo com mudança de decúbito e etc, a geral é, sem dúvida a mais indicada. Não só pela segurança do paciente estar "na mão" do anestesista, como pelo conforto e relaxamento que promove.
Claro, se vamos aspirar pequenas áreas, como joelhos, pescoço, entre-coxas (separadamente, lógico), podemos fazer a cirurgia com anestesia local e sedação.
Para a região abdominal e toda a parte inferior do corpo, desde que não haja mudança de decúbito, a peridural pode ser usada também, mas na minha prática clínica, raramente uso.

O pós-operatório é dolorido sim. Não tem jeito. Mas vou explicar o porquê disso.
É o seguinte: Quando vamos aspirar, devemos fazê-lo na camada mais profunda da gordura, aquela que se comunica diretamente com os músculos, de modo que mantendo a camada mais superficial evitamos irregularidades de contorno e nódulos, além de evitar necroses de pele, mesmo assim algumas irregularidades podem ocorrer e deverão ser tratadas na fisioterapia no pós-operatório.
O problema é que, como atuamos na gordura profunda, sempre "machucamos" o músculo com a cânula e a dor que as pacientes sentem depois, é justamente dessa injúria à musculatura.

Claro que fazemos um esquema de analgesia bom para dar conforto (analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares), mas uns 2 ou 3 dias de dores não tem jeito...

O uso de cintas compressivas por 30 dias e drenagem linfática logo no terceiro dia também fazem parte do pós-operatório.
A boa notícia é que, dependendo da sua atividade, em 5 dias pode-se retornar ao trabalho. Eu fiz lipo numa quinta-feira e segunda-feira estava no hospital trabalhando (morrendo de dor, mas tava - vocês tem que me dar um desconto porque sou homem, logo, um pouco mais frouxo para dor).

Os roxos também são frequentes e aí é uma questão muito pessoal. Tem gente que fica muito, tem gente que fica pouco. O fato é que enquanto houver equimose (roxo), não confundir com hematoma, a exposição solar deve ser evitada, sob pena desse roxo pigmentar e aí é MUITO difícil sair.

Bom essa é a boa e velha lipoaspiração tradicional que se bem indicada, exames pré-operatórios ok, médico preparado, ambiente hospitar, provavelmente será muito bem sucedida, só que...

Alguém falou que lipo era fácil, que não precisava ser feita em hospital, muito menos com anestesia geral, título de especialista em cirurgia plástica? Para quê? Dá para fazer no consultório... E aí nós vemos toda semana a triste notícia da morte de um paciente. 

Em todos os casos de insucesso, algum elo daquela corrente que eu expus lá em cima foi quebrado. Ou a cirurgia não era bem indicada, ou os exames pré-operatórios não foram bem interpretados ou nem pedidos, ou o médico não era cirurgião plástico, ou a cirurgia foi realizada num consultório, é sempre assim, e no fim sabem porque as pacientes escolhem esses "médicos"?
Pelo preço.

E as máquinas? O laser, o ultra-som? A "vibrolipo"? Pois é eles existem.
Já usei todos e cada um tem sua função.
O laser tenho usado muito com os residentes. Sua função é a de promover uma retração melhor da pele diminuindo um pouco a flacidez. Na verdade ele não muda a indicação da cirurgia, ou seja, se a paciente é muito flácida, não vai ser o laser que vai resolver o problema, mas ajuda um pouco. Esbarra no preço. Custa R$2000 por 2h de uso. Sinceramente, acho que não vale à pena...
O ultra-som serve para "derreter" a gordura antes desta ser aspirada, já usei também e não vi muita diferença, e ainda tem o agravante do aparelho poder queimar a pele do paciente, portanto, está fora.
O vibrolipo é divertido. É um aparelho que ligado à cânula promove uma vibração que ajuda na aspiração. Esse ajuda mesmo, mas é muito pesado. Em 1h de cirurgia eu já estava com cãibra nos braços.. .mas funciona mesmo.

Ainda tem a tal da hidrolipo, lipo de "Beverly Hills", entre outras que sinceramente prefiro nem comentar. Essas denominações são formas anti-éticas de seduzir o paciente com algumas "compensações" que a princípio podem parecer vantajosas (sem internação! sem anestesia geral! vai embora no mesmo dia!), mas que na verdade são um risco para a vida da pessoa. É um problema de saúde pública.

A lipoaspiração deve ser encarada como uma cirurgia de grande porte e conduzida com toda a seriedade que ela merece. Devemos agradecer muito ao Prof.Illouz por ter tido a coragem de seguir em frente coma a técnica. Hoje, ele é reverenciado e considerado o verdadeiro pai da lipoaspiração.

Lembro de um momento emocionante na Jornada Carioca de Cirurgia Plástica de 2009, quando o Prof.Illouz foi um dos homenageados do congresso.
Ele foi chamado ao púlpito pelo Dr.Luiz Haroldo Pereira, que era residente do Hospital dos Servidores na época que a cirurgia foi feita em 82, além disso, a própria paciente foi dar um abraço no professor. Foi muito legal.

Um grande abraço!

Dica de presente para os amiguinhos do bebê


Esta é uma boa dica para quem vai fazer as compras de natal nos Estados Unidos.
Comprei essas fraldas natalinas na Toys R Us. Foram baratinhas e não pesaram nada na mala, alem de servirem para amortecer as laterais da mala e consequentemente proteger as coisas "quebráveis" que trouxemos.
O gabriel é muito popular (cof, cof, mãe metida), tem muitos amiguinhos e eu queria fazer um agradinho para cada um, sem ficar falida.
Por isso, na festinha de natal que organizamos para os bebês, eu peguei um monte de fraldas, dei esse laço lindo e grampeei um cartãozinho de presente que mandei fazer com a carinha linda dele (mãe muuuuito metida).
O cartãozinho eu mandei fazer no site Vistaprint, onde sempre mandei fazer os cartões de natal, etiquetas, camisetas e tudo o que eu invento para ele (um dia eu faço um post só sobre isso).
A minha ideia era tirar uma foto do grupo de bebês só com a fralda natalina, mas o calor estava insuportável e eu fui a primeira a ir embora.


Agora, porque não vendem essa fralda no mundo inteiro é algo que jamais irei entender!
Fraldas natalinas, gente! Ia vender como água!!!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Dica NY: The Darby


Meu marido já saiu do Brasil dizendo: "Luciana, quero ir num lugar beeeeeem badalado em NY para comemorar o meu aniversário".
Bom, manda quem pode, obedece quem tem juízo...
Pesquisei, investiguei, estudei e descobri três lugares muito legais e completamente diferentes, todos no mesmo bairro, o Meatpacking district, que está "bombando".

No primeiro lugar que fomos, o Boom Boom Room fomos barrados. Tenho certeza que fomos barrados, porque NY tem dessas coisas. Tentei fazer reserva do lugar, mas não encontrei um site.
Depois eu descobri, navegando pela internet, que o lugar fecha para meros mortais por volta das 22hs...depois só os VIPS, tipo as Angels da Victoria´s Secret.
Esse restaurante fica no topo de um hotel muito louco, o The Standard. Dizem que ir ao banheiro lá é uma experiência única de vida, pois as paredes são todas de vidro, e você tem uma visão privilegiada enquanto... se alivia...
O elevador para chegar ao topo do hotel também é peculiar, tem um inferno de dante digital. Adorei. Pena que a comemoração não aconteceu lá...
Olha a foto do lugar:


Como eu sou prevenida e ainda tinha dois endereços na manga, rumamos à pé mesmo, porque era pertinho, para o The Darby. O lugar também era bem diferente, mas o clima para receber as pessoas, era infinitamente mais amigável.
O público desse lugar não é tão jovem, talvez porque fosse noite de uma banda que tocava músicas anos 60, e umas poucas atuais. Eram bem ecléticos, tocavam rock, jazz (que eu não gosto muito), blues, etc.
As comidas são ótimas, e os garçons (com cara de aspirantes a atores da broadway) super prestativos. 
Eles conseguiram me fazer tomar dois drinks, o que não é tarefa fácil, porque eu não bebo.
Foi uma noite ótima, e fiquei contente por não precisar usar meu terceiro endereço, pois isso com certeza ia começar a afetar minha auto-estima...
Olha que lindo, o The Darby:


Endereço:
244 West 14th Street

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Mamas... para dar e vender...


Oi pessoal!
Devido aos inúmeros pedidos, aí vai um post sobre redução de mama.
Na medicina, sempre que temos várias técnicas para resolver um mesmo problema, costumamos dizer que nenhuma é realmente boa, caso contrário todo mundo faria só a "boa". Em mastoplastia redutora até uns 30 anos atrás essa máxima era verdadeira.

Quando se estuda cirurgia da mama, percebemos que existe algo em torno de 700 técnicas, mas nunca houve um concenso sobre qual seria a melhor. Foi à partir da década de 60 que alguns cirurgiões brasileiros começaram a botar ordem nesta "bagunça".

Alguns baluartes de nossa especialidade, entre eles Silveira Netto, Arié, Peixoto, Ivo Pitanguy e Liacyr Ribeiro começaram a nortear a moderna cirurgia de redução de mama.
Mas foi com o Dr.Liacyr que a coisa tomou corpo. Ele juntou as marcações em "T" invertido preconizadas por Pitanguy com as manobras de ascenção das aréolas preconizadas por Silveira Netto, com a genialidade de criar um pedículo, na verdade um retalho de derme e glândula, que ao dobrar-se sobre si mesmo, cria uma "prótese" natural que mantém o resultado da mastoplastia por muito mais tempo.

Hoje, na minha opinião, conseguimos montar as mamas com muito mais naturalidade e com resultados mais duradouros, mas ainda não conseguimos fugir da cicatriz em "T". Existem técnicas em que a cicatriz fica apenas na vertical, como o Losângulo, mas são de indicações muito restritas (mamas muito densas e com pouca pele para ser retirada).
Quando o grau de ptose (queda) da mama é muito acentuado não tem jeito.

Uma tendência que tenho observado é a da mastoplastia substitutiva. Onde aquele pedículo que se dobra sobre si mesmo é substituído por um implante de silicone. Com isso conseguimos ganhar um pouco mais de projeção e mais durabilidade de resultados, ainda que às custas de um implante.


Em relação a amamentação, realmente pode haver alguma interferência, ainda que a técnica do pedículo procure preservar uma conexão glandular, os ductos são seccionados e isso pode causar problemas de mastite no caso de uma paciente que vier a amamentar. Porém algumas conseguem.

A anestesia nestes casos é sempre a geral, e aqui não cabe muita discussão. É uma cirurgia longa (em torno de 4 horas) e as técnicas de anestesia local nessa região do corpo (tórax) são muito perigosas com potencial muito grande de complicações, principalmente o pneumotórax (perfuração do pulmão com agulha de infiltração) e parada respiratória (por bloqueio do nervo simpático nos casos de bloqueio peridural alto). Com a anestesia geral nós conseguimos diminuir para próximo de zero as complicações anestésicas.

O pós-operatório costuma ser bem tranquilo. Não é uma cirurgia dolorosa, existe apenas a questão da limitação de movimento dos braços, pois estes não podem ser elevados a mais de 45 graus, e talvez a pior parte, que é ter que dormir de barriga para cima, sem virar de lado ou de bruços por pelo menos 20 dias. Mas as pacientes toleram bem, até porque a redução de mama costuma dar um conforto e uma auto-confiança tão grande que qualquer esforço vale a pena no fim das contas.

Agora deixa eu contar uma historinha engraçada sobre o tema.
Quando eu comecei minha residência em cirurgia plástica, logo me encantei com as cirurgias de mama. Aumento, diminuição, reconstrução pós câncer, tudo me encantava.
Porém, a questão da cicatriz em "T" me incomodava muito.
Um belo dia, resolvi "criar" uma técnica que não tivesse a tal da cicatriz em "T".
Me debrucei sobre livros de anatomia, construí modelos em argila, e cheguei a uma técnica que, para mim, ia "revolucionar o mundo da cirurgia plástica", isso no alto da minha extraordinária experiência de pouco mais de 10 meses de residência.
Fui mostrar, então, minha revolucionária técnica para um professor chamado Dr.Ramil Sinder.
O Dr.Ramil é aquilo que pode se chamar de enciclopédia viva da cirurgia plástica, e se alguém ia me levar à serio, esse alguém era ele.
Após mostrar minha tese, ele olhou para o papel com desenhos e esquemas, e depois para mim. Aquele olhar eu lembro até hoje. Acho que só um pai olha assim para um filho, ou um verdadeiro PROFESSOR, e disse:
- Parabéns Luiz Felipe. Está ótimo, mas... Essa técnica já foi descrita em 1923 por Passot, depois, no mesmo ano por Auber. Em 1926, De Quervain aplicou melhorias e em 1942 Thorek modificou novamente. Em 1956, Longracre também modificou, e aí foi abandonada, pois a pele da mama necrosava em 90% dos casos.

Silêncio da minha parte...Estava tendo a primeira de muitas lições de humildade que tive ao longos dos anos.

Depois disso, sempre fiz questão de sentar ao lado do Dr.Ramil nos congressos e me divirto com os comentários que ele faz nas apresentações. Quando algum cirurgião diz que "inventou a mais revolucionária técnica", ele me cutuca e diz baixinho:
- Isso já foi publicado em 1941 na revista neo-zelandeza de cirurgia plástica...

Um abraço
Luiz Felipe

domingo, 9 de dezembro de 2012

Usei e Amei... muitas coisas!

1) Coconut Milk Organix
Depois de séculos usando um finalizador da Redken, que por sinal eu detestava, mas tinha pena de jogar fora, finalmente ele acabou e eu pude comprar outro.
Um dia, passeando na drogaria Venâncio (que por sinal está cada vez melhor, eu perco a cabeça lá), me deparei com este produto na sessão de shampoos.
Não foi barato, aviso logo.
Mas eu comprei porque:
1) Adoro cheirinho de côco.
2) A embalagem era fofa.
3) O produto parecia ser bem fluido, dando a impressão de que não deixaria o cabelo pesado.
4) Porque eu queria e estava precisando. Meu cabelo anda uma palha.
E não é que gostei do resultado? Realmente, só é necessário uma pequena quantidade, se você colocar demais o cabelo vai pesar. Mas acho que isso também vai depender do tipo de cabelo de cada um. o meu é fino, liso e sem graça.

2) Anthelios Unifiante:
Cada mês eu uso um protetor diferente, porque pela minha profissão, preciso testar to-dos (ô trabalho BOM!!!).
Esse protetor estava rolando no meu armário um tempão, porque os produtos que estavam na fila antes dele, demoraram para acabar (sim, meus protetores "fazem fila" e esperam a vez deles).
Estou chocada com esse produto!
Juro-juradinho!
A proposta é uniformizar a pele, algo que em um primeiro momento, pode parecer que, por ele ter cor de base, vai uniformizar o teu rosto pintando ele todo (eu pensei assim).
Mas não! Ele tem uma espécie de base siliconada, que, NA MINHA PESSOA, deu a impressão de fechar os poros, deixar a pele viçosa, é bem difícil explicar.
E a própria cor de base dá uma sumida depois que você aplica.
É muito, muito, muito bom.
A parte ruim é que minhas pacientes que tinham a pele muito oleosa, não se deram bem com ele, mesmo sendo oil free. Acho que elas confundiram o toque aveludado com oleosidade, não sei mesmo a sensação que elas tiveram.
Mas é aquilo, quando se trata de cremes, nem sempre o que funciona para uma pessoa, vai ser legal para a outra.

3) Photo Finish Smashbox
Impressionante.
Eu não sou muito de usar primer, por diversos motivos (preguiça, pão-durice, falta de tempo, e por aí vai).
Daí, na última viagem, ganhei de brinde um kit maravilhoso da Smashbox, porque eu tinha acumulado muuuuuitos pontos no meu Beauty Bank.
Nem dei bola para o primer, mas um dia eu resolvi testar.
Minhanossasenhorasalvadoradapele, que coisa maravilhosa!!! A pele fica tão macia, que até a base deslisa melhor na hora de ser aplicada!
(dãããããã, a proposta de se usar primer é essa, caramba!)
E se você acha que tem a pele muito oleosa, e fica com receio de usar esse produto, pode testar o Photo Finish Light.
Cada dia uma novidade!


4) Helioral
Agora, falando do quesito "saúde", aqui está outro produto que demorei a testar. Eu não acreditava nele.
Estou sendo sincera.
Quando começaram a falar em congressos sobre o polipoíde leucotomos, que pra mim, mais parece nome de monstro do Ben 10, eu não levei fé. Achei que era o "milagre dermatológico da semana".
Minha mãe acreditou nele antes de mim e começou a usar. E toda hora eu via ela e os pacientes dela elogiando o Helioral.
A proposta dele é melhorar as defesas do organismo contra os raios solares. diminuir os radicais livres e os danos celulares. Ele não substitui o protetor solar.
Na bula, ele é recomendado para erupção polimorfa à luz, doença que eu tenho (vocês sabiam?)
Mas, na prática, os dermatologistas estão usando para auxiliar no tratamento de diversas doenças: melasma, vitiligo, urticária solar, herpes...
Na última visita da representante ao meu consultório, ela me deu um vidrinho (quero maisss) para eu testar.
E gente...
Eu testei.
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Sabe o que significam esses tracinhos?
Que estou sem palavras!
Tomei os comprimidos, coloquei o protetor solar, e fui para o sol. Fui mesmo, com o Gabriel.
E pela primeira vez em muitos anos, não fiquei com aquelas manchas vermelhas horrorosas no rosto, que mais pareciam queimaduras de cigarro, e ardiam bastante.
Cada doença necessita de uma dosagem diferente, por isso não tome sem a orientação de seu médico.
E lembre-se: este produto não é um passaporte para o sol. Ele apenas reduz um pouco a inflamação e a geração de radicais livres que o sol provoca.
Qualquer nível de bronzeamento é igual a dano celular.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Licença para "cortar"


Não é de hoje que tenho vontade de escrever sobre a formação do cirurgião plástico, e digo isso porque, pelo menos para mim, foi muito difícil chegar onde cheguei. Hoje além das atividades de consultório, trabalho em dois serviços de formação de especialistas. 

Um, é o Hospital Mário Kröeff, onde ajudo a formar dermatologistas dando aulas de cirurgia dermatológica e outro é o serviço do Prof. Ronaldo Pontes no Hospital Niterói D`or, onde me formei, e que sou orientador nas cirurgias dos residentes de cirurgia plástica.

O processo para se tornar um especialista em cirurgia plástica leva no mínimo 11 anos, e digo no mínimo porque, dentro desse período, temos que passar por quatro "vestibulares". O da medicina propriamente dito, que como todos sabem é a carreira mais concorrida, com relação candidato/vaga podendo chegar a 50:1, depois de formados temos que prestar novo concurso, o de residência médica, dessa vez para cirurgia geral, e cursar 2 anos dessa especialidade. 


E depois de 2 anos, adivinhem? Novo concurso de residência, dessa vez para cirurgia plástica, com duração de 3 anos...Ufa! acabou certo? Errado.

Após todos esses concursos, o aspirante a cirurgião ainda deve prestar uma prova elaborada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica junto com a Associação Médica Brasileira para obtenção do título de especialista. 
Devo confessar, inclusive, que de todas as provas que fiz, essa foi de longe a mais difícil.
No meu ano, a prova consistiu em 50 questões de múltipla escolha versando sobre tudo de cirurgia plástica (estética, reparadora, microcirurgia, cirurgia da mão, crânio-maxilo-facial, queimados, enfim...tudo), mais 10 questões discursivas, também sobre tudo, e no dia seguinte, para quem foi aprovado nesta fase, 10 perguntas em forma de prova oral-prática, também sobre tudo.



Quando tudo isso acaba... Parece que tiramos o mundo das nossas costas... Lembro que quando estava me preparando para o exame de especialista eu já era casado e a Lara tinha 2 anos e o Felipe apenas 3 meses. Ele nasceu em dezembro e a prova foi em fevereiro. Minha esposa, que também passou por isso (é dermatologista...é não tenho muita criatividade com as mulheres da minha vida...), foi de fundamental importância para meu sucesso.



Lembro que trabalhava durante a semana, ajudando o máximo de cirurgiões, que me pagavam como auxiliar e com esse dinheiro podia me sustentar sem grandes luxos, e no fim de semana a Michelle ia com as crianças para a casa dos meus sogros para que eu pudesse estudar, afinal, com uma criança de 2 anos e um bebê de 3 meses em casa não seria possível MESMO.

Quando tudo terminou e eu soube do resultado da prova, liguei imediatamente para minha esposa (detalhe: a prova é em São Paulo) e disse para ela:
- Conseguimos.
De fato me emociono ao escrever essas linhas, pois foi um período muito difícil da minha vida, e acredito que todos os cirurgiões sérios, éticos e que exercem a medicina, particularmente a cirurgia plástica, como uma especialidade médica e não como um circo, também passaram por isso.
Um grande abraço a todos,
Luiz Felipe




domingo, 2 de dezembro de 2012

Vai um silicone aí?

Oi pessoal !
Confesso que não consegui esperar até segunda para experimentar essa nova "ferramenta" chamada blog. Passei o final de semana pensando em como transmitir informação de qualidade sem ser demasiado técnico. Certamente não herdei o talento para escrever da minha irmã, mas acho que com o tempo vou me acostumar...

Bom, pensei em começar meu primeiro post falando sobre silicone, ou melhor, mastoplastia de aumento.
Os implantes mamários evoluíram muito nos últimos 20 anos. Tanto em qualidade quanto em opções de modelos e tamanhos. Hoje temos basicamente dois tipos de implantes quanto ao revestimento (poliuretano e texturizado), quatro tipos de formato (redondo, cônico, natural e anatômico - que pode ser de pólo superior ou inferior) e ainda dentro desses quatro grupos, mais quatro grupos de projeções (LO-low, MD-medium, HI-high e XH-extra high), cada qual com sua indicação.

Até aqui já deu para perceber o quão complexo é escolher um implante.
Além disso as vias de acesso (cicatriz) que podem ser três: Sulco mamário, peri-areolar e axilar. E o local onde vamos colocar o implante que pode ser atrás da glândula ou atrás do músculo.
Para quem achava que colocar um implante de silicone era só "abrir um buraquinho e enfiar a prótese"- juro que já ouvi isso de uma paciente - pode estar sendo um choque essas informações... Mas não se desesperem. Tudo isso se encaixa de forma perfeita quando se faz uma boa consulta.

Uma coisa muito importante é saber que o implante de 315ml que sua amiga colocou e que ficou lindo, pode ser que para você não fique tão bom. O volume é calculado à partir das medidas da paciente como largura da base mamária, distância da fúrcula esternal (aquele buraquinho que nós temos abaixo do pescoço) até o mamilo, distância do mamilo até o sulco e etc. Em posse dessas informações o cirurgião será capaz de escolher os (sim, os)modelos que ficarão bem em você. Normalmente escolhemos três tamanhos.

Depois disso vamos escolher onde os implantes vão ficar. Se a paciente for muito magra, é melhor colocar atrás do músculo para que não fique visível ou palpável.
Depois a via de acesso. Minha preferência é pela via peri-areolar, mas também gosto de colocar pelo sulco. Só não vejo muita vantagem na via axilar e vou explicar o porquê: primeiro, que por incrível que pareça, é a via que fica mais visível (biquíni ou camiseta certamente vão denunciar a cirurgia), e segundo, que se houver algum problema no pós-operatório (Deus nos livre!), certamente o cirurgião vai ter que abrir ou no sulco ou na aréola para corrigir, pois a via axilar não permite correção de hematomas ou troca de implantes por contraturas e rupturas.

Agora outra dúvida cruel...a anestesia. Em 90% dos casos podemos fazer a cirurgia com anestesia local e sedação, e os outros 10% que se reservam a anestesia geral para o casos de retromusculares, reconstruções de mama, e troca de implantes.
Bem, acho que deu para se ter uma idéia do universo das mastoplastias de aumento. Espero não ter sido muito técnico. Estou à disposição para críticas e dúvidas que surgirem.
um grande abraço e até a próxima... Lipo, pode ser?

PS: Nos próximos posts vou caprichar mais com fotos, esquemas e etc ok?

Veneno para a sua pele...literalmente....


Na medicina, cada semana temos uma novidade. 
Mas na dermatologia, é demais. Algumas semanas recebemos duas ou três novidades na área. A indústria farmacêutica não perde tempo.
O tema de hoje não é novidade para a maioria de vocês. Com certeza vocês já leram nas revistas que algumas "famosas estão usando veneno de cobra ou abelha para ficar com a pele linda" (porque essas novidades começam sempre com " famosas"?).
Tudo começou quando um médico chamado Sang Mi Han começou um estudo que avaliava a contribuição do veneno de abelha na formação de colágeno da pele.

Os dois principais compostos estudados são a melitina, que além de estimular o colágeno, tem também ação imunomoduladora e antinflamatória, e a calmodulina, cuja ação é regulada pela melitina. Esses ativos também melhorariam a microcirculação da pele, razão pela qual também estão sendo empregados para tratar a calvície.
Existem alguns poucos e inconclusivos estudos sobre a ação da melitina no câncer, esclerose múltipla, neuralgia e na artrite.

Curiosidade: na Nova Zelândia, um dos maiores produtores de veneno de abelha, um grama de veneno equivale a 10.000 picadas de abelha e custa aproximadamente $304, oito vezes mais do que o valor corrente do ouro. Fora da Nova Zelândia, o veneno de abelha é vendido a preços mais amigáveis.

Outra curiosidade: sabem como as coitadas das abelhas produzem tanto veneno? Existem vários métodos, mas um deles é assim. 
Elas ficam dentro de uma espécie de caixa de vidro cheia de eletrodos. Essa caixa é colocada sobre a colméia. De vez em quando tomam um choque leve (?), levam um susto - para dizer o mínimo - e "picam" o vidro, onde depositam o tal do veneno. Dizem que o veneno é muito parecido com sal. Depois as empresas usam uma coisa parecida com uma lâmina de barbear para raspar todo o veneno do vidro. Obviamente esse veneno é purificado antes de ser colocado nos cremes.

Terapia com pólen, mel, própolis e veneno de abelha vem sendo praticada há centenas de anos pelos chineses, gregos e egípcios. Mas naquela época, eles colocavam a própria abelha para picar o paciente, muitas vezes em pontos de acupuntura. Interessante, não é? E doloroso também.

Antes de você ficar toda(o) ouriçada(o) querendo usar o veneno de abelha para ficar com a pele parecida com a da Kate Middleton, é bom verificar se você não tem alergia a picada de abelha. Porque, se tiver, pode haver inclusive um choque anafilático e MORTE. Faça um teste alérgico antes.
A propósito, o tal do creme usado por ela é este aqui.


 Eu acho legal esses ativos terem a maior repercussão internacional, porque minha mãe vem de uma época em que as pessoas achavam o fim do mundo aplicar toxina botulínica. E hoje em dia, todos aceitam numa boa toxina, veneno, esses nomes não amedrontam mais, ainda bem!!!!

Eu, particularmente, ainda não encontrei artigos científicos confiáveis que comprovem a eficácia do produto, mas prescrevo se o paciente me pedir, sempre mediante uma conversa prévia, a respeito dos possíveis resultados ou não-resultados. Eu não posso fechar meus olhos diante desse bafafá, concordam?

Mais uma coisa: não confundir o "creme da Kate" com esse aqui, o Sineik. Ele é muito legal, mas tem veneno de cobra e não de abelha. E tem ouro, olha que coisa fina!


Só faltam mesmo inventarem um creme com veneno de sogra, cunhada, ex-mulher, chefe, colega de faculdade... com certeza ia ser bem baratinho, afinal essas pessoas produzem o veneno em quantidades abundantes....
(falou a princesa venenosa...)

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minhapele@ig.com.br, Rio de Janeiro, Brazil
Uma médica que ama dermatologia, medicina estética, e principalmente, ADORA o que faz. Um cirurgião plástico apaixonado pela profissão.

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