
Fato: de uma hora para outra as orelhinhas do Gabriel resolveram... ABANAR, por assim dizer. Ele nasceu normalzinho da Silva, mas aproximadamente aos três meses tivemos essa surpresa desagradável.
Não me entendam mal. Eu acho meu filho maravilhoso, com ou sem orelhas de abano. Ele é saudável, alegre e muito bom de se apertar (e GOSTA de ser beijado, coisa rara entre bebês).
Mas vamos logo dar nome aos bois. A sociedade, em especial AS CRIANÇAS, costumam ser cruéis com pessoas que possuem orelhas de abano. Os apelidos são humilhantes, sem contar aqueles puxões de orelha, petelecos... Aiiiiiii... não quero nem pensar.
De posse desses fatos, fomos estudar, pesquisar se existia algum tratamento NÃO CIRÚRGICO, CONSERVADOR, para essa deformidade, e qual não foi a nossa surpresa... EXISTE!!!!
SÓ NÃO É UM PROCEDIMENTO MUITO DIVULGADO, por uma pequena razão. Não é intere$$ante para alguns cirurgiões, porque no futuro eles deixam de operar um paciente com orelhas de abano (se bem que meu curativo custou o preço de uma cirurgia). Além disso, o resultado não pode ser garantido em 100% dos casos, o que pode gerar insatisfação por parte dos pais das crianças, que muitas vezes não conseguem entender que medicina não é uma ciência exata.

Essa é uma técnica japonesa, é completamente indolor e a criança não precisa levar pontos. O médico faz um molde com algodão (e dependendo da deformidade, outros materiais também podem ser usados) e esparadrapo, e fixa a orelha da criança durante um mínimo de dois meses. Essa é a parte mais chata e complicada, depois eu explico o porquê.
As maiores chances de sucesso ocorrem quanto mais novinho for o bebê, pois a cartilagem dele é mais molinha, ainda está sob efeito dos estrogênios maternos. O ideal é iniciar o tratamento no primeiro mês de vida, mas até os seis meses, ainda consegue-se bons resultados.
Como a orelha do Gabriel começou a se deformar com três meses, até descobrirmos uma solução, marcarmos uma consulta, só iniciamos o dele aos QUATRO meses de idade. Ou seja, estamos praticamente no limite.
Mesmo assim, resolvemos tentar. Imaginem que maravilha livrar o seu filho de gozações, humilhações e principalmente, de uma cirurgia, com todos os riscos implicados nela?
Quando descobrimos essa técnica, somente dois médicos faziam no Brasil. Um em São Paulo (que foi para onde levei o Gabriel, de mala e cuia) e outro em Belo Horizonte. Nós, que não somos bobas, prestamos atenção a tudo o que o médico fez no Gabriel, porque com o tempo, o curativo se desfaz, se descola, e nós já fizemos esse molde na orelha dele pelo menos umas cinco vezes desde que iniciamos o tratamento. Ou seja, estamos craques.
Esse procedimento poderia ser feito facilmente por qualquer pediatra em seus consultórios médicos. Fica a dica ;-)

Eu queria muito ter escrito esse post antes, mas fiquei com medo do procedimento não dar certo no Gabriel, e gerar uma expectativa frustrada em outras mamães e bebês com o mesmo problema. Mas da última vez que trocamos o curativo dele (tem um pouco mais de 1 mês), já deu para perceber uma melhora. Daí eu pensei "se eu demorar a escrever este post, posso estar condenando uma criança a perder a chance de tentar uma melhora, como nós fizemos.
Porque o Gabriel mesmo, quase perde a oportunidade, por pura falta de informação a respeito dessa técnica. Quando retirarmos de vez o curativo, independente do resultado, vou mostrar aqui como ficou. E caso não fique totalmente recuperado, não se esqueçam que iniciamos o procedimento razoavelmente "tarde" nele, quase aos 45 minutos do segundo tempo.
Bom, na pior das hipóteses, pelo aprendemos uma técnica nova.
Recadinho: muitas pessoas prendem as orelhas de seus filhos com esparadrapo. Não recomendo que vocês tentem isso em casa. O curativo que aprendemos a fazer é muito mais complexo do que parece, e se você prender as orelhas sem respeitar a anatomia local, pode - QUE MEDO! - causar outras DEFORMIDADES na orelha de seu bebê.

DIFICULDADES QUE TEMOS PASSADO:
1) Quando está com raiva, por qualquer motivo, o Gabriel arranca o curativo da cabeça. Uma vez, pela manhã, ele estava cheio de esparadrapos nos dedos. Preciso manter esse bebê plenamente feliz até o dia 13 de dezembro.
2) A hora do banho devia se chamar "A Hora do Pesadelo". Não podemos molhar o curativo. Então colocamos uma faixa e uma touca. Ele fica igualzinho a um confeiteiro (PRIMEIRA FOTO). E precisamos colocar pouca água na banheira. O cabelinho não fica muito cheiroso.
3) De vez em quando é necessário refazer o curativo. Ele detesta essa parte.
4) As pessoas olham descaradamente, muitas com pena. Já escutei diversas vezes na rua me dizerem "coitadinho", "saúde pro bebê", "será que ele operou a cabeça?", etc. De fato, as pessoas ficam até mais gentis e solidárias, e eu me sinto culpada, pois meu filho está longe de estar doente.
5) Você precisa ter paciência para explicar o que se trata, pois o povo pergunta mesmo. E quando descobrem que a criança está igual a uma múmia por motivos estéticos, muitos nos julgam. Prepare-se para escutar "coitado, usar isso nesse calor!" ou "cruzes, isso deve coçar pra burro!". Mas aí eu te pergunto: se seu filho for dentuço, você não vai colocar aparelho nos dentes dele? Aparelho dói à beça, incomoda, demora meses ou anos até melhorar os dentes, e é mil vezes mais caro. E nós usamos, lógico!
6) Pior do que ser julgada pelos outros, é você mesmo se julgar. Todos os dias passa pela minha cabeça:
- Estou torturando o meu bebê?
- E se não der certo?
- E se eu estiver causando um cacoete de orelha nele, já que ele sempre manipula a orelha quando está com raiva?
- Ele vai ficar chateado de ter um monte de fotos de bebê cheio de esparadrapo na cabeça?
- E se o problema voltar? (FATO: mesmo quando se faz a CIRURGIA, a orelha de abano pode voltar a abanar. É raro, mas acontece...)
AQUI tem um artigo científico sobre isso.
E foi
AQUI que descobrimos essa técnica.
Se algum médico souber realizar esta técnica, sinta-se convidado a deixar seu contato nos comentários.
Torçam por nós!!!!